Anime Review #4: Ajin
Olá, leitores e leitoras!!
Mais uma vez, volto aqui após um longo período de tempo para trazer uma review para vocês.
Recentemente, um amigo que costuma não gostar muito de anime me recomendou um, que ele veio a conhecer através da Netflix. Como a dica veio de alguém que normalmente não dá atenção para animação japonesa, decidi que deveria investigar.
Portanto, com vocês, a minha review de: Ajin!!
Ok, vamos começar pelo começo: de autoria de Gamon Sakurai (桜井画門, Sakurai Gamon), a história original foi publicada no formato de quadrinhos, em 2012, pela Editora Kodansha na revista "good! Afternoon" ("good! アフタヌーン"), dedicada a seinen manga*.
O mangá conta atualmente com 7 volumes publicados no Japão, e o primeiro volume contou com um roteirista diferente: Tsuina Miura (三浦追儺, Miura Tsuina), mas tornou-se obra exclusiva de Gamon desde então.
Em junho do ano passado, foi anunciado o plano de animação da história, em três filmes e uma série televisiva, pela POLYGON PICTURES.
O primeiro filme estreou nos cinemas japoneses em 27 de novembro de 2015, o segundo está programado para chegar às grandes telas em 6 de maio de 2016, e o terceiro para 23 de setembro. Seus títulos são, respectivamente: Ajin: Shoudou ("Ajin: Impulso"; consistiu num compilado dos seis primeiros episódios do anime), Ajin: Shoutotsu ("Ajin: Colisão") e Ajin: Shougeki ("Ajin: Impacto").
Em 16 de janeiro de 2016, a série televisiva de 13 episódios foi ao ar pela primeira vez, e chegou à Netflix em 12 de abril. Desde que o site Crunchyroll começou a lançar o mangá, em março de 2014, o nome em inglês oficial é "Ajin: Demi-Human", e este foi o título utilizado também pela Netflix.
Ufa. Pronto. Agora que temos toda a base geral a respeito de onde veio a história e o que foi produzido, podemos ir ao que interessa de fato: a sinopse e a review em si.
Sinopse:
Há 17 anos, surgiu o primeiro relato de um homem que revivia não importasse quantas vezes fosse morto, um soldado que lutou numa guerra na África. Apesar de ainda raros, outros surgiram por todo o mundo, e a eles foi dado o cunhão de "Ajin" (亜人, significando literalmente "sub-humano").Os Ajin são procurados pelo governo, e por vezes são oferecidas recompensas a quem tiver informações; eles são as cobaias perfeitas para experimentos inumanos, e a maioria da população, como resultado da influência das autoridades, vê os Ajin como criaturas bizarras que não merecem compaixão.Nesse contexto, Nagai Kei, um aluno do ensino médio, que vive de acordo com as regras, sem se importar com as coisas à sua volta, sofre um acidente após a aula um dia e descobre ser um dos raros Ajin. Começa então uma caçada, na qual Kei é a presa.Enquanto isso, outros Ajin desejam tomar seu lugar ao sol no mundo à força, sem se importar com quem ferem no caminho de sua própria liberdade.Entre dois grupos que usam de métodos moralmente errados, Kei procura fugir de ambos, até não poder mais.
Para evitar spoilers, farei uma review um pouco vaga a respeito da história:
O enredo em si é muito interessante, e a história montada sobre a premissa inicial foi extremamente bem orquestrada. Os detalhes são bem definidos, é possível ver que o autor tem uma ideia clara do curso da história e de seus componentes, e os personagens são interessantes e bem trabalhados.
Todo o timing é muito bem pensado, dos momentos de calma aos de tensão, dos de espera aos de descobertas. Uma quantidade saudável de mistérios é deixada para o espectador pensar a respeito; mistérios que, imagino, serão esclarecidos em futuras temporadas.
E é aí que devemos ter um pouco de cuidado: futuras temporadas.
Todos que acompanham os lançamentos semestrais de novos animes e temporadas sabem que, nos últimos anos, tem sido extremamente difícil um anime, mesmo que muito bom, voltar logo com sua continuação. Especialmente com a promessa dos longas, é possível que não esteja nos planos do estúdio a volta da série em um futuro próximo.
Agora, quanto aos aspectos técnicos... a animação é, no mínimo, estranha. Fica óbvio que foi realizada inteiramente via algum programa de computador, ao invés de artistas desenhando quadro-a-quadro. Isso reduz os custos e o tempo necessário para a produção de um episódio, mas os movimentos dos personagens fica estranho e "leve" demais. Imaginem o movimentos dos personagens do jogo "The Sims 2". É algo próximo àquilo.
No entanto, a animação por computadores apresentou alguma vantagem: enquanto os movimentos e detalhes inseridos pelo computador se tornam estranhos aos nossos olhos (como, por exemplo, os cabelos e dentes, que fogem ao padrão de animes, em geral mais simples), pelo menos as expressões são incrivelmente humanas, realistas, e as emoções mostradas pelos personagens são extremamente refinadas.
Screenshot - ep.1: professor, falando sobre os Ajin. As sombras e as mechas de cabelo ficam estranhas, diferentes da arte convencional de animes, uma desvantagem da tecnologia utilizada. |
O estilo em si do traço segue um padrão que vemos muito recentemente, saído dos shoujo* para outros gêneros (traços delicados e arredondados são dados aos personagens principais em geral) mesclado ao realismo fornecido pelo programa de computador. Ainda assim, é preservada uma qualidade de simplicidade.
Percebam que a maioria dos personagens mostrados na imagem tendem ao estilo de anime shoujo, enquanto o último apresenta traços bem mais fortes e menos atraentes. |
Quanto ao som: a dublagem é, como padrão nas animações japonesas, muito bem executada. A trilha sonora é bem encaixada, e as músicas de abertura e encerramento foram muito bem escolhidas: "Can You Sleep at Night?" (Yoru wa Nemureru kai?), da banda Flumpool, para a primeira, e "HOW CLOSE YOU ARE" para a última, executada por Miyano Mamoru, que empresta a voz a Nagai Kei. A seguir incluí a primeira.
Reunindo minhas opiniões a respeito dos aspectos técnicos e do enredo às minhas próprias especulações, admito que a decisão final pareça nebulosa, mas quero deixar muito claro: recomendo o anime a quem quer que goste do gênero. Se puderem superar os movimentos meio estranhos, a história é repleta de ação, drama e mistério, poderes incríveis e tensão de todos os lados. O espectador fica preso ao desenrolar dos acontecimentos, e o final da primeira temporada é também o fim de uma fase da história, combinando bem com o momento. Talvez a continuação demore a ser animada, mas acho que, ainda assim, vale a pena assistir.
E, se o pior acontecer, sempre podemos nos voltar para o mangá para descobrir mais a respeito de Kei, dos Ajin e de seus poderes.
Espero que tenham gostado da review e considerem assistir ao anime! :)
>>>> GLOSSÁRIO:
*seinen manga: é o gênero destinado a rapazes adolescentes, ou simplesmente com idade suficiente para ler a maioria dos kanji (ideogramas utilizados na escrita da língua). "Seinen", em japonês, significa, literalmente, "jovem".
*shoujo: literalmente, "menina/jovem garota". É o nome dado ao gênero de mangá e anime voltado para este público.
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