Sessão Pipoca #3: "Bakemono no Ko" ("The Boy and the Beast")

Olá leitores e leitoras!
Desta vez, trago a vocês um filme japonês bem recente: "Bakemono no Ko", ou "O Filho do Monstro", em tradução livre.


A produção cujo roteiro e direção foram de Mamoru Hosoda é uma das 16 participantes da lista dos pré-indicados para a categoria de Melhor Longa Animado do Oscar de 2016.

"Bakemono no Ko" nos traz a história do encontro de um menino perdido (Kyuuta) com um monstro (Kumatetsu), que decide num ímpeto levá-lo consigo como pupilo para seu mundo, e a partir de então crescem juntos e vêm a enfrentar adversidades e desavenças.
A relação entre os dois personagens é muito gostosa de ver se desenvolver, pois tratam-se de duas almas solitárias, não por opção, mas por serem rejeitados; e por não estarem acostumados a ter uma "família", não sabem lidar um com o outro e não se dão bem a princípio. Mas à medida que o tempo passa, conseguem quebrar essa barreira. Este é um processo muito bonito e bem trabalhado no roteiro, e com certeza é um dos pontos altos do filme, logo na primeira parte da história.


Os demais personagens não são em geral tão bem trabalhados, mas é interessante ver os problemas e relações sociais apresentados no meio dos monstros e também dos humanos. O enfoque é, obviamente, na sociedade dos monstros, que é onde Kyuuta fica inserido até terminar a adolescência. É deixada clara a suposta inferioridade de Kumatetsu, que é mal-visto por todos devido ao seu temperamento bruto e indisposição à socialização e ao trabalho comum, até que seu sucesso com Kyuuta altere a forma como é visto; temos os amigos que o apreciam em sua honestidade e simplicidade, os cidadãos ignorantes que reagem ao julgamento da massa, e os "aristocratas" bondosos e aparentemente perfeitos, no seio de cuja família também ocorrem problemas, apenas ocultos do público.

Em geral, o aspecto social é de certa forma clichê, apresentando o preconceito social entre os iguais (monstros) e também racial, mas em relação aos humanos, baseando-se no fato de estes últimos serem muito facilmente corruptíveis e um risco à sociedade.

Quanto ao lado humano, este é pouco desenvolvido, e muitos apontam esta como a principal falha no longa. O mundo humano acaba sendo apenas o palco da origem de Kyuuta e do posterior clímax do conflito, apesar de oferecer, sim, uma nova perspectiva ao jovem rapaz. No entanto, este desenvolvimento foi feito de forma menos delicada, o que deixou um pouco a desejar.

Kaede, a menina que ajuda Kyuuta a entender um pouco o mundo humano
Quanto ao conflito maior, quero evitar dar spoilers; mas o surgimento e desenvolvimento do antagonista é, de fato, um tanto truncado. Eu, pelo menos, achei muito grande a falha social que criou a situação, grande demais para ser suficientemente crível. Deixemos desta forma, para evitar dar detalhes.
Mas ainda assim o conflito em si tem raízes coerentes e acompanha bem o fluxo da história, portanto não me desagradou, apenas deixou um pouco a desejar.

O roteiro em geral é lindo e a produção é gostosa de acompanhar; apesar de estar na lista de pré-indicações, não sei se é um ganhador de Oscar, pelas razões acima mencionadas, mas definitivamente é um bom filme, e vale a pena assistir!



Agora, quanto aos aspectos técnicos, não tenho reclamações.

Com uma animação muito bonita e delicada, o visual da produção é extremamente agradável e envolvente, trazendo com suas cores as emoções presentes nas cenas. É possível ver a discrepância, presente também em muitas outras animações atuais, entre os traços e profundidade dos personagens e do cenário: enquanto o cenário se aproxima do realista de certa forma, os personagens são bem mais planos, o que em geral faz com que destaquem-se contra o fundo.

Festival no mundo dos monstros
Amigos de Kumatetsu, que acabam compondo a "família" à volta de Kyuuta
Kumatetsu treinando e demonstrando sua força ao novo pupilo

Primavera no mundo humano, na primeira vez em que Kyuuta volta à sua terra natal

Cena da luta final entre Kyuuta e o antagonista da história.
As cenas finais da luta são impressionantes, e mais uma vez podemos ver as cores trazendo aos espectadores as emoções de Kyuuta, sejam elas acaloradas ou calmas.




Agora falemos da trilha sonora. Muitíssimo bem adaptada ao timing da história, as músicas transmitiram com excelência todo o sentimento presente, fosse em momentos pesados ou de leveza.
A música que ganha mais destaque no filme é a de encerramento, "Starting Over" da banda japonesa Mr. Children (é, eu sei, o nome é estranho xD). Segue um vídeo:



A dublagem, condizente com o padrão japonês, é maravilhosa e encaixa-se perfeitamente, contando em seu elenco com Kouji Yakusho (Kumatetsu), Shouta Sometani (Kyuuta), Aoi Miyazaki (jovem Kyuuta), e Suzu Hirose (Kaede) nos papéis principais.

Para finalizar esta review enorme (sei bem que não compensa o tempo sem matérias no blog, mas me empolguei, haha), deixo com vocês um trailler oficial do filme; infelizmente encontrei com legenda em inglês apenas.



Àqueles que chegaram até o fim ( e aos que desistiram - compreensivelmente - e não chegaram também, mas infelizmente estes últimos não lerão estas palavras) agradeço muitíssimo a atenção de vocês, e espero que tenham gostado! :)

Comentários

  1. Amigo, sabe onde posso encontrar esse filme legendado para download ou assistir online?

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    Respostas
    1. Não foi como eu assisti, mas é possível assistir online no site do Animes Fox; segue o link:

      http://www.animesfox-br.org/156566

      Espero ter ajudado, e agradeço o interesse :)

      Excluir

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