Capítulo Cinco: O Erro Fundamental de Atribuição¹


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A Casa das Bribas era uma lojinha pitoresca (alguns diriam até fofa), abrigada atrás de uma barraquinha de vegetais, que estava atrás de uma loja de luvas mágicas, que se encontrava em um beco que sai de uma rua lateral ao Beco Diagonal. Decepcionantemente, a atendente não era uma senhora velha e encarquilhada; era apenas uma jovenzinha com aparência ansiosa em vestes amarelas desbotadas. Neste momento, ela segurava uma Super Bolsa Briba QX31, cujo diferencial era que possuía uma Boca Expansível bem como um Feitiço de Expansão Não-Detectável: você podia na realidade colocar coisas grandes dentro dela, apesar de o volume total ainda ser limitado.
Harry havia insistido em ir lá de primeira, logo que saíram – insistira tanto quanto achou que podia sem que fizesse a Professora McGonagall suspeitar de nada. Harry tinha algo que precisava colocar na bolsa o mais rápido possível. E não era a sacola de galeões que a Professora o havia permitido retirar de Gringotes. Eram todos os outros galeões que Harry havia furtivamente enfiado nos bolsos após cair em um monte de moedas de ouro. Aquilo tinha sido um acidente, mas Harry nunca fora de descartar uma boa oportunidade quando ela surgia... apesar de ter sido muito mais uma decisão espontânea. Desde então, Harry havia carregado a sacola de galeões perto do bolso de suas calças, numa posição esquisita, para que qualquer tilintar de moedas pudesse ser atribuído à fonte correta.
Ainda havia a questão de como exatamente ele iria colocar as moedas extras na bolsa sem ser pego. As moedas de ouro poderiam ser dele, mas ainda eram roubadas – auto-roubadas? Auto-furtadas?
Harry levantou os olhos da Super Bolsa Briba QX31 no balcão à sua frente.
– Posso testá-la um pouco? Para ter certeza de que funciona, hum, corretamente? – ele arregalou um pouco os olhos, em uma expressão de inocência infantil e brincalhona.
Como esperado, após dez repetições de colocar a sacola de ouro na bolsa, enfiar a mão, sussurrar “sacola de ouro” e tira-la de lá, a Professora McGonagall se afastou e começou a examinar alguns dos outros itens na loja, e a atendente virou a cabeça para observa-la.
Harry jogava a sacola de ouro com a mão esquerda, e então levava a mão direita segurando firmemente algumas das moedas douradas, enfiava na bolsa, deixava lá os galeões soltos e (com um sussurro de “sacola de ouro”) recuperava a sacola original. Ele então a passava para sua mão esquerda, para largá-la novamente, e sua mão direita voltava ao seu bolso...
A Professora McGonagall voltou a olhar para ele uma vez, mas Harry conseguiu evitar congelar seus movimentos e se esquivar, e ela não pareceu perceber nada. Apesar de nunca realmente podermos saber, com os adultos que têm senso de humor. Levou três repetições para terminar o serviço, e Harry estimou ter conseguido furtar dele mesmo cerca de trinta galeões.
Harry levantou a mão, limpou um pouco de suor de sua testa, e exalou pesadamente.
– Eu gostaria de levar esta, por favor.
Quinze galeões mais leve (duas vezes o preço de uma varinha, aparentemente) e uma Super Bolsa Briba QX31 mais pesado, Harry e a Professora McGonagall saíram pela porta. Nela brotou uma mão que acenou quando eles foram embora, levantando um braço de uma forma que fez com que Harry ficasse um pouco nauseado.
E então, infelizmente...
– Você é mesmo Harry Potter? – sussurrou o velho, uma lágrima grossa descendo por sua bochecha – Você não mentiria sobre isso, não é? É só que eu ouvi boatos dizendo que você não tinha realmente sobrevivido à Maldição da Morte, e que era por isso que ninguém sabia onde você estava.
...parecia que o disfarce que a Prof.ª McGonagall era menos do que perfeitamente eficaz contra bruxos mais experientes. A Professora colocou uma mão no ombro de Harry e puxou-o para a ruela mais próxima no momento em que ouvira “Harry Potter?” O velho os seguiu, mas pelo menos parecia que ninguém mais havia escutado.
Harry levou a pergunta em consideração. Ele era mesmo Harry Potter?
– Sei apenas o que outras pessoas me contaram. – com a mão, esfregou a testa – Tenho esta cicatriz desde que posso me lembrar, e me disseram que meu nome é Harry Potter pelo mesmo tempo. Mas, – Harry disse, pensativo – se já houver causa suficiente para postular uma conspiração, não há nenhuma razão para que não simplesmente encontrassem outro órfão e o criassem para crer que ele fosse o verdadeiro Harry Potter...
A Prof.ª McGonagall cobriu o rosto com a mão exasperada.
– Você é a cara do seu pai, Tiago, em seu primeiro ano em Hogwarts. E eu posso atestar baseada apenas na personalidade que você vem da Praga da Grifinória.
– Ela podia ser parte disso também – observou Harry.
– Não, – a voz do velho homem tremeu – ela está certa. Você tem os olhos de sua mãe.
– Hum, – Harry franziu a testa – suponho que você poderia estar envolvido também...
– Chega, Sr. Potter.
O velho levantou uma mão como se fosse tocar Harry, mas então deixou-a cair.
– Estou apenas feliz que esteja vivo. – ele murmurou – Obrigado, Harry Potter. Obrigado pelo que fez. Eu o deixarei em paz agora.
E, com sua bengala batendo no chão, ele se afastou, para fora da ruela e para a rua principal do Beco Diagonal.
A Professora olhou ao redor, sua expressão tensa e sombria. Harry automaticamente olhou em volta de si. Mas a ruela parecia vazia, à exceção de folhas amareladas, e, na saída para o Beco Diagonal, apenas transeuntes passando despreocupadamente podiam ser vistos.
Finalmente, a Professora pareceu relaxar.
– Isso não correu muito bem. – ela disse, em voz baixa – Sei que você não está acostumado a isso, Sr. Potter, mas as pessoas se preocupam com você. Por favor, seja gentil com elas.
Harry encarou os próprios sapatos.
– Elas não deveriam – ele disse, com um toque de amargura – Se importar comigo, quero dizer.
– Você as salvou de Você-Sabe-Quem – disse a Prof.ª McGonagall – Como é que poderiam não se importar?
Harry levantou o olhar para a expressão severa da bruxa, embaixo de seu chapéu pontudo, e suspirou.
– Acho que não há chances de, se eu dissesse erro fundamental de atribuição*, você saber o que eu quero dizer.
– Não, – disse a professora em seu sotaque escocês – mas por favor, explane, Sr. Potter, se puder fazer a gentileza.
– Bem... – Harry começou, tentando pensar em como descrever aquela parte em específico da ciência Trouxa. – Imagine que você vá trabalhar e veja seu colega chutando a própria mesa. Você pensa, “mas que pessoa agressiva ele deve ser”. Seu colega está pensando sobre como alguém o empurrou contra uma parede a caminho do trabalho e gritou com ele. Qualquer um ficaria enraivecido com algo assim, ele pensa. Quando olhamos para os outros, nós vemos traços de personalidade que explicam seu comportamento, mas, quando olhamos para nós mesmos, vemos circunstâncias que explicam o nosso comportamento. A história das pessoas faz um sentido interno para elas, mas não enxergamos a história de ninguém flutuando no ar atrás deles. Nós os vemos apenas em uma situação, e não vemos como seriam em uma situação diferente. Então o erro de atribuição fundamental é que explicamos com traços permanentes e duradouros o que seria melhor explicado por circunstâncias e pelo contexto. – Haviam alguns experimentos elegantes que confirmavam isso, mas Harry não iria entrar em detalhes.
As sobrancelhas da bruxa subiram sob a aba do chapéu.
– Acho que compreendo... – disse a Prof.ª McGonagall vagarosamente – Mas o que isto tem a ver com você?
Harry chutou a parede de tijolos da ruela com força o bastante para fazer seu pé doer.
– As pessoas acham que eu as salvei de Você-Sabe-Quem porque sou algum tipo de grande guerreiro da Luz.
– Aquele com o poder de derrotar o Lorde das Trevas... – murmurou a bruxa, uma estranha ironia em sua voz.
– Sim, – disse Harry, irritação e frustração lutando em seu interior – como se eu houvesse destruído o Lorde das Trevas porque tenho algum tipo de traço permanente de destruir-o-Lorde-das-Trevas. Eu tinha apenas 15 meses de idade na época! Eu não sei o que aconteceu, mas eu suponho que tenha algo a ver com, como dizem, circunstâncias ambientais contingentes. E certamente nada a ver com a minha personalidade. As pessoas não se importam comigo, elas nem mesmo estão prestando atenção em mim, elas querem apertar a mão de uma explicação mal dada. – Harry fez uma pausa, e olhou para McGonagall. – Você sabe o que realmente aconteceu?
– Eu formei uma ideia geral... – disse a Professora – Após conhece-lo, quero dizer.
– Sim?
– Você triunfou sobre o Senhor das Trevas por ser pior do que ele era, e sobreviveu à Maldição da Morte por ser mais terrível que a própria Morte.
– Ha. Ha. Ha. – Harry chutou a parede novamente.
A Professora soltou um riso abafado.
– Vamos para Madame Malkin em seguida. Temo que suas roupas Trouxas estejam chamando a atenção.


Eles toparam com mais dois admiradores no caminho.
Madame Malkin Roupas para Todas as Ocasiões possuía uma fachada genuinamente entediante, de tijolos vermelhos comuns com vitrines mostrando vestes negras comuns. Não vestes que brilhavam, ou mudavam de cor, ou giravam, ou irradiavam raios estranhos que pareciam atravessar sua camisa e te fazer cócegas. Apenas vestes negras simples, era tudo o que se podia ver através das vitrines. A porta estava aberta, como que dizendo que não haviam segredos lá, e nada a esconder.
– Eu vou sair por alguns minutos enquanto você tem suas vestes ajustadas – disse a Prof.ª McGonagall – Você ficará bem, Sr. Potter?
Harry assentiu. Ele odiava comprar roupas com fervor, e não podia culpar a bruxa por sentir-se da mesma maneira.
A varinha da Professora pulou para fora de sua manga, e tocou de leve a cabeça de Harry.
– E como você precisará estar bem visível para a Madame Malkin, estou removendo o Feitiço de Desilusão.
– Ahm... – fez Harry. Aquilo o preocupava um pouco; ele ainda não estava acostumado com aquela coisa de “Harry Potter”.
– Eu fui a Hogwarts com Madame Malkin – disse McGonagall – Mesmo naquela época, ela era uma das pessoas mais sérias que conheci. Ela não se descabelaria nem mesmo se o próprio Você-Sabe-Quem entrasse em sua loja. – A voz dela soava nostálgica, e aprovadora. – Madame Malkin não te incomodará, e não deixará que outros o façam.
Aonde você vai? – inquiriu Harry. – Apenas para o caso de, você sabe, algo realmente acontecer.
McGonagall lançou para Harry um olhar severo.
– Eu vou até ali – ela disse, apontando um prédio do outro lado da rua, que tinha uma placa de um barril de madeira – e vou comprar uma bebida, que desesperadamente preciso. Você será medido para suas vestes, e nada mais. Eu voltarei para checar como estão as coisas em breve, e espero encontrar a loja de Madame Malkin ainda de pé e de nenhuma maneira pegando fogo.
Madame Malkin era uma senhora agitada que não disse uma palavra sobre Harry quando viu a cicatriz em sua testa, e ainda lançou um olhar afiado em direção à sua assistente, quando a garota pareceu estar prestes a dizer alguma coisa. Madame Malkin pegou um conjunto de tiras de tecido animadas e serpenteantes, que pareciam servir de fitas métricas, e começou a trabalhar, examinando seu novo modelo.
Próximo a Harry, um garoto pálido com o queixo pontudo e cabelos loiros platinados super legais parecia passar pelos estágios finais de um processo similar. Uma das duas assistentes de Madame Malkin estava examinando o garoto de cabelos claros e as vestes xadrez que ele usava; ocasionalmente, ela dava uma leve batida de varinha em um canto das vestes, e estas apertavam ou alargavam.
– Olá, – disse o garoto – Hogwarts também?
Harry pôde prever a direção que a conversa estava para tomar, e decidiu em uma fração de segundo de frustração que já estava cheio daquilo.
– Pelos céus, – sussurrou Harry – não pode ser. – Ele arregalou os olhos. – Seu... nome, senhor?
– Draco Malfoy – disse ele, parecendo levemente intrigado.
– Então é você! Draco Malfoy. E-Eu nunca pensei que teria a honra, senhor. – Harry queria poder fazer lágrimas saírem de seus olhos. Os outros normalmente começavam a chorar quando chegava este ponto da conversa.
– Oh – fez Draco, soando um pouco confuso. E então seus lábios se esticaram em um sorriso presunçoso – É bom encontrar alguém que conheça o próprio lugar.
Uma das assistentes, aquela que parecia ter reconhecido Harry, fez um som abafado de engasgo.
E Harry continuou.
– Estou encantado em conhece-lo, Sr. Malfoy. Simplesmente, absolutamente encantado. E frequentar Hogwarts no mesmo ano que o senhor! Estou caminhando em nuvens.
Ops. Essa parte pode ter soado um pouco estranha, como se estivesse flertando com Draco ou algo assim.
– E eu estou encantado em saber que serei tratado com o devido respeito merecido por um membro da família Malfoy. – o menino retrucou, acompanhado por um sorriso como o que reis devem conceder ao mais reles de seus súditos, se o tal súdito fosse honesto, apesar de pobre.
Ahm... Droga, Harry estava tendo problemas para pensar em sua próxima fala. Bem, todos tentaram apertar a mão de Harry Potter, então...
– Uma vez que minhas roupas estejam prontas, senhor, o senhor por acaso não me concederia um aperto de mãos? Eu não desejaria nada mais para completar o meu dia, não, o meu mês, de fato, minha vida inteira.
O garoto de cabelos platinados o encarou em resposta.
– E o que você fez pelos Malfoy que o faria merecedor de tal favor?
Oh, eu vou mesmo tentar esse teatro com a próxima pessoa que tentar apertar minhas mãos. Harry curvou a cabeça:
– Não, não, senhor, eu compreendo. Sinto muito por pedir. Eu deveria sentir-me honrado de limpar suas botas, ao invés disso.
– De fato. – disparou o outro garoto. Seu rosto severo se iluminou. – Diga-me, em que Casa você acha que será colocado? Estou destinado à Sonserina, é claro, como meu pai Lúcio antes de mim. E você, eu chutaria Lufa-Lufa, ou talvez a Casa Elfo.
Harry sorriu timidamente.
– A Prof.ª McGonagall diz que sou a pessoa mais Corvinal já vista ou celebrada em lendas, tanto que a própria Rowena me diria para sair mais, seja lá o que isso significa, e que eu sem dúvidas irei para a Corvinal se o chapéu seletor não estiver berrando alto demais para entendermos quaisquer palavras, fecha aspas.
– Uau – disse Draco Malfoy, soando levemente impressionado. O garoto deu um tipo de suspiro melancólico. – Sua adulação foi ótima, ou pelo menos eu pensei que sim; você se daria bem na Sonserina, também. Normalmente é apenas meu pai que recebe esse tipo de bajulação. Eu espero que os outros sonserinos me adorem agora que estou em Hogwarts... Acho que é bom sinal, então.
Harry tossiu.
– Na verdade, sinto muito, eu não faço ideia de quem é você realmente.
Ah, qual é! – disse o menino, o desapontamento óbvio – Por quê é que você fez isso, então? – Os olhos de Draco se arregalaram com suspeitas. – E como você pode não saber sobre os Malfoy? E que roupas são estas que você está vestindo? Seus pais são Trouxas?
– Dois dos meus pais estão mortos – disse Harry. Seu coração apertou. Quando ele falava assim... – Meus outros dois pais são Trouxas, e são aqueles que me criaram.
O quê? – disse Draco – Quem é você?
– Harry Potter, é um prazer conhece-lo.
Harry Potter? – engasgou Draco – O Harry... – e o menino parou abruptamente.
Houve um breve silêncio. E então, com um entusiasmo animado:
– Harry Potter? O Harry Potter? Céus, sempre quis conhece-lo!
A atendente de Draco emitiu um som como se estivesse sendo enforcada, mas continuou seu trabalho, levantando os braços de Draco para cuidadosamente remover as vestes xadrez.
– Cala a boca – sugeriu Harry.
– Você pode me dar seu autógrafo? Não, espere, quero uma foto com você primeiro!
Cala-a-boca-cala-a-boca-cala-a-boca.
– Estou simplesmente tão encantado em conhecê-lo!
– Pegue fogo e morra.
– Mas você é o Harry Potter, o glorioso salvador do mundo mágico! O herói de todos, Harry Potter! Sempre quis ser exatamente como você quando eu crescer, para eu...
Draco parou no meio da frase, seu rosto paralisado em horror absoluto.
Alto, cabelos platinados, friamente elegante em vestes negras da mais alta qualidade. Uma mão segurando uma bengala de cabo prateado, que parecia uma arma simplesmente por estar naquela mão. Seus olhos examinavam o cômodo com a falta de emoção de um carrasco, um homem para o qual matar não era doloroso, nem mesmo deliciosamente proibido, mas apenas uma atividade rotineira, como respirar, por exemplo.
Este era o homem que, naquele momento, entrara pela porta aberta.
– Draco, – disse o homem, em voz baixa e enraivecida – o que você está dizendo?
Em uma fração de segundo de pânico por empatia, Harry formulou um plano de resgate.
– Lúcio Malfoy! – engasgou Harry Potter. – O Lúcio Malfoy?
Uma das assistentes de Madame Malkin teve de se virar e encarar a parede. Olhos frios e assassinos o encararam.
– Harry Potter.
– Eu estou tão honrado em conhecê-lo!
Os olhos escuros se arregalaram, surpresa e choque substituindo ameaça mortal.
– Seu filho me contou tudo sobre o senhor – Harry disparou, sem nem mesmo saber o que estava saindo de seus lábios, mas apenas falando o mais rápido que podia. – Mas é claro que eu já os conhecia antes disso, todos sabem, sobre o grande Lúcio Malfoy! O mais honrado laureado da toda a Casa Sonserina, andei pensando em eu mesmo tentar entrar para a casa, pois ouvi que o senhor estava lá quando jovem...
O que está dizendo, Sr. Potter? – veio algo como um grito de fora da loja, e a Professora McGonagall invadiu a loja um segundo depois.
Em seu rosto estava um horror tão puro que a boca de Harry se abriu automaticamente, e então veio um bloqueio e não conseguiu dizer nada.
– Professora McGonagall! – bradou Draco – É mesmo a senhora? Ouvi tanto a seu respeito por meu pai, andei pensando em entrar para a Grifinória para que eu...
O quê? – berraram Lúcio Malfoy e a Professora em uníssono, lado a lado. Suas cabeças se viraram para olhar um para o outro em movimentos idênticos e espelhados, e ambos se afastaram do outro como em uma dança sincronizada.
Houve um súbito movimento quando Lúcio agarrou Draco e o arrastou para fora da loja.
E então, houve silêncio.
Na mão da Prof.ª McGonagall havia um pequeno copo de bar, inclinado para o lado devido à pressa, e agora pingava gotas de álcool na pequena poça de vinho tinto que aparecera no chão. A Professora marchou em frente, para o interior da loja, até que ficou frente a frente com Madame Malkin.
– Madame Malkin, – chamou a Professora, a voz calma – o quê esteve acontecendo aqui?
A dona da loja devolveu o olhar silenciosamente por quatro segundos, e então sucumbiu. Ela caiu contra a parede, rindo escandalosamente, e isso quebrou a força de vontade de suas duas assistentes, uma das quais caiu sobre as mãos e joelhos no chão, rindo histericamente.
A Professora McGonagall vagarosamente se virou para olhar para Harry, sua expressão gelada.
– Eu te deixei sozinho por seis minutos. Seis minutos, Sr. Potter, contados.
– Eu só estava brincando – protestou Harry, os sons de gargalhadas continuando ao lado deles.
Draco Malfoy disse, na frente do pai dele, que queria entrar para a Grifinória! “Brincar” não basta para fazer isso! – a Professora pausou, visivelmente respirando com dificuldade – Que parte de “tirar medidas para as vestes” soa para você como “por favor lance um Feitiço Confundus no universo inteiro”?!
– Ele estava em um contexto situacional onde aquelas ações fizeram sentido...
– Não. Não explique. Não quero saber o que houve aqui, nunca. Qualquer que seja o poder das trevas que te habita, é contagioso, e não quero acabar como Draco Malfoy, a pobre Madame Malkin ou suas duas pobres assistentes.
Harry suspirou. Estava claro que a Professora McGonagall não estava com humor para ouvir explicações lógicas. Ele olhou para Madame Malkin, que ainda ria contra a parede, e suas duas assistentes, que haviam ambas caído de joelhos, e finalmente para seu próprio corpo coberto com os tecidos-fita-métricas.
– Eu ainda não acabei realmente de ser medido para as vestes – disse Harry gentilmente. – Por que você não volta e toma mais um drinque?


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Erro Fundamental de Atribuição

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