Divagando sobre: o meu país.
Por muito tempo, não fiz nenhum novo post para o blog. Não foi porque eu quis realmente, mas porque este blog, como quase qualquer outro, na verdade, foi feito mais para mim, e para que eu pudesse satisfazer minhas vontades de escrever do que para conseguir views e de fato discutir numa comunidade; apesar de, claro, sempre ser muito gostoso receber comentários e visualizações, pois isso me indicava que o que eu escrevi não está só em minhas opiniões e interesses pessoais.
Por muito tempo, não fiz nenhum novo post para o blog. Estou em intercâmbio fora do país, e por esta razão me faltou tempo e, muitas vezes, força de vontade suficiente para criar conteúdo, uma vez que ele vem principalmente de coisas que me influenciem no calor do momento.
Mas agora, faltando pouco para eu voltar para o Brasil, me deparei com um texto. E como ele traduz meus sentimentos perfeitamente, pensei "porque não? O blog é meu, e eu compartilho com o mundo o que eu sentir, se quiser".
Segue o texto. Sei que muitos não vão ler. Mas se uma só pessoa for atingida, ficarei feliz. Se não, já terei satisfação em ter tentado e desabafado.
"Brasil.
Você nunca, durante o curso da minha vida, foi o melhor país.
Mas você foi o país em que cresci, com pessoas boas à minha volta, que me criou através das minhas circunstâncias.
Sempre fui privilegiada. Minha família não passa dificuldades, tive educação de qualidade, fui abençoada com pais sensatos e que souberam me criar para ser uma boa pessoa, tive a sorte de me deparar com professores que se tornaram amigos e memórias queridas.
Por muito tempo, e ouso dizer até o presente dia, não me importei em prestar atenção em política. Cresci sem me importar em saber, e até hoje mantenho a mesma disposição em relação a algo que, assim que levemente avaliado, já me causa desgosto e desânimo.
Mas notícias vêm.
O pior ainda chega a mim, como é de se esperar, pois não existe mais isso de completa alienação para aqueles que se dispõem a observar o que lhes é apresentado. Ao ver aquelas notícias e pedaços de informação que chegam ao meu conhecimento através de redes sociais e relatos de conhecidos, não posso continuar na minha condição de completa ignorante.
Infelizmente, não é com essa cabeça que a população brasileira, em sua maioria, parece estar pensando (se é que está pensando, de fato).
Leio textos como este, que provam que há, sim, quem ainda sabe usar seus neurônios sem preguiça. Mas é exatamente o fato desses textos existirem que comprova como está ruim a situação: há ignóbeis suficientes povoando meu país para provocar a indignação absoluta daqueles que de fato raciocinam.
E mesmo dentre os que raciocinam, isso nem sempre indica uma liberalidade e flexibilidade de pensamento; afinal, é uma característica humana, a teimosia. A criatura se agarra à sua pró´ria conclusão, seja ela bem ou mau informada, seja ela mais ou menos radical, e insiste que não pode ter errado.
Eu não tenho todas as informações. E, a esta altura, não acredito que alguém nesse mundo seja detentor de todas elas, a ponto de ter em suas mãos a capacidade de avaliar a situação como um todo e chegar a uma opinião formada, de fato, próxima da correta. E observem que seria, ainda assim, "próxima", pois cada realidade gera um diferente ponto de vista, e o conceito de "correto" depende também deste aspecto. Sempre haverá parcialidade, e nada garante a boa intenção estando presente.
Mas mesmo que me faltem informações, não consigo, como um animal "racional" (pois já não sei mais se a palavra se aplica a seres humanos em geral, e talvez seja presunção minha assumir que eu seja assim tão diferente), deixar de formar minha própria opinião e sentimento.
E me dói.
Me dói ver meu país, (que mesmo que jamais tenha sido excelente no curso de minha vida, ainda assim era tido por mim com carinho como um lugar bom, no geral), ter sua estrutura revoltada por nada mais que gente interesseira. Gente que não sabe atribuir culpas. Gente que se acha no direito e na posse da verdade, mas que não sabe quase nada de assunto nenhum.
Gente que se aliena porque quer.
Penso no meu futuro, penso na minha segurança. Pois eu, também, na condição de ser humano, sou egoísta. Penso na minha sobrevivência e comodidade.
Por mais que me doa o coração não poder de coração recomendar meu país com carinho a outras nacionalidades, quando um amigo internacional comenta que gostaria de conhecer o Brasil um dia, não sou capaz de ignorar tantos problemas e erros.
Sou ignorante, ainda, em muitos sentidos. Não tenho a pretensão de fingir que entendo de política ou do movimento que está acontecendo, ou de afirmar o que é correto ou não para o país. Não sei a solução, não tenho base para fazer nenhuma afirmação de peso que diga respeito a mais do que a minha pequena bolha, na qual eu vivo.
Mas estou decepcionada. Com as pessoas, nas quais eu pensava já ter perdido a fé, mas que sempre descubro, conseguem me desapontar ainda mais. Com a realidade do meu país, que está chegando a um ponto que não consigo mais suportar.
E estou com receio. Não quero viver em um lugar assim. Um país inconstante, povoado por acéfalos voluntários, país que, honestamente, não consigo energar como tendo um futuro bom em nenhum momento do futuro próximo (e, por "próximo", incluo todo o curso da minha vida, pois o que são para a história meros 60-70 anos?).
Não consigo me levar a acreditar na possibilidade de uma melhora real no Brasil. É triste, mas o país que me forneceu minha infância e detêm tantas pessoas queridas, conseguiu suplantar essas alegrias com o desgosto que me gerou.
Se um dia eu imaginava em sonhos loucos não viver no meu país, e fazer minha vida em outro lugar, hoje esses sonhos já não possuem nada de loucura ou imprudência. Pelo contrário, possuem toda a racionalização envolvida no planejamento de uma vida feliz.
Não quero mais voltar e viver no Brasil. Não posso me conformar com um país que faz tão pouco por si mesmo. Não sei o que fazer daqui pra frente, ou exatamente para onde vou no futuro, mas sei que só de pensar em viver uma vida no Brasil, meu coração se enche de tristeza e revolta.
Por mais que eu tenha tido uma ótima vida até hoje, por mais que eu seja grata ao governo pela oportunidade de fazer meu tão sonhado intercâmbio no exterior (sim, anti-petistas, podem me crucificar na internet o quanto quiserem, pois esta é a verdade; e eu pelo menos sei admitir que sou parcial em minha opinião devido às vantagens que tive), por mais que muitas pessoas que amo estejam no Brasil... não consigo. Não posso. Não dá. Mesmo com tantas graças que tive em minha vida, não posso considerar o Brasil como uma opção viável de lugar pra viver. Não mais. Especialmente depois de sentir na pele o que é viver num lugar onde as coisas funcionam (longe de ser perfeito, mas muito menos distante desse objetivo que meu querido Brasil).
Brasil.
O país que criou uma filha racional o suficiente para fugir dele. Como tantos outros um dia fizeram, e hoje igualmente optam por fazer.
P.S. Não sei se alguém vai ler. E sinceramente, isso foi mais um desabafo, então não importa de fato. Mas, se esse texto absurdo de longo foi lido, agradeço pelo tempo gasto lendo meu descarrego emocional."
-- postagem extraída do Facebook, em reação ao texto de opinião "O dia em que me tornaram petista", linkado abaixo.
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