Divagando sobre: Infância
Olá leitores e leitoras!
Já nem vou mais mencionar o tempo vergonhoso que faz desde a última postagem ou as razões pra isso, vocês já devem estar acostumados com esse hábito horrível meu de sumir... por isso amo vocês, que continuam acessando, seus lindos!!
Mas vamos ao que me trouxe de volta: hoje saí pra caminhar e vi um sol gostoso sobre um lago brilhando, mato verdinho em volta... e isso me inspirou a vir aqui escrever. Sobre infância.
É, eu sei. Não é meu tipo convencional de postagem, mas isso é algo que eu quero compartilhar com vocês, então... porque não criar uma nova coluna que não vai ser periódica, não é mesmo?
Então bem-vindos à mais nova coluna do blog: "Divagando"!
Como uma criança dos anos '90, eu não tive quando criança o que hoje é considerado comum: iPhone, computador, PlayStation 4, XBox One, Facebook, nada disso. E quer saber? Foi muito melhor assim.
Eu acordava de manhã com um despertador daqueles que são só um relógio, ou com a minha mãe me chamando. Isso se eu não acordasse antes, bem cedinho, pra ver desenho na TV e depois sair pra brincar com amigos e vizinhos (a escola era no período da tarde).
Dá pra resistir a um céu maravilhoso e um verde desses? Até hoje não consigo. |
Eu olhava pra fora num dia bonito e não tinha nada que me fizesse ficar dentro de casa; eu precisava sair e sentir o sol na minha pele, brincar.
Eu brincava com os pés descalços e eles ficavam pretos de sujeira da rua, precisando passar numa ducha que ficava do lado de fora pra poder entrar em casa de novo. E isso num dia em que eu nem me sujasse tanto.
Só alegria! |
Em dia de chuva, era divertido sair e pisar nas poças com aquelas galochas de borracha enormes. E como era mágico ver o mundo refletido naquele espelho d'água bem ali, no chão!
Eu jogava o chinelo na árvore pra tirar uma bola presa, e várias vezes tinha que jogar o outro pé do chinelo porque o primeiro também ficou preso.
Eu achava corda, elástico, bambolê, bola e lego (antes de virar essa coisa predestinada a um formato específico) pura diversão.
E isso exigia uma puta habilidade e fôlego! |
Pura ostentação. |
Dez reais representavam um dinheirão pra mim, que podia ser convertido em muitas balas, doces, chicletes... E eu colocava as "tatuagens" que vinham neles! E colava nos cadernos de escola os adesivos. Isso sem falar dos salgadinhos com tazos e outros brindes dentro!
Passou do nível ostentação já. |
Se ficasse em casa, eu construía cabanas de lençóis com barbante em casa, e fingia estar na selva, ou nas montanhas, numa aventura em um acampamento...
Eu brincava de faz de conta, e ia pra mundos incríveis! Fui pirata, piloto de corrida, astronauta, cientista, fantasma, detetive, fui qualquer coisa que eu quisesse ser na hora.
Me vestia com as roupas e fantasias mais estranhas, e criava uma nova história, um novo personagem...
E lia livros e viajava com eles, quando eu sentia que só a minha imaginação não era o suficiente.
Ou desenhava, pintava, sujava a cara e as mãos de tinta, rabiscava com giz de cera, tentava criar uma cor toda nova.
Eu brigava com coleguinhas de escola em um dia, e no dia seguinte já nos reconciliávamos, dividindo os biscoitos da merenda e brincando juntos no recreio.
Eu corria, brincava, andava de bicicleta... caía, me ralava, me levantava, jogava uma aguinha no machucado e ficava tudo bem. Só ficava com medo do mertiolate quando chegasse em casa...
Eu observava as gotas de chuva escorrendo pela janela como se fosse uma corrida. Se a luz acabava num temporal, todos em casa acendiam uma vela, pegavam lanternas e se sentavam juntos na sala, por onde podíamos observar a chuva e os raios pela varanda, enquanto conversávamos.
Os primos todos se juntavam e faziam brigadeiro, para depois comer direto na colher. E sempre dava briga para ver quem iria conseguir raspar o fundo da panela...
Eu brincava de jogar balões d'água, de pique-pega, de queimada... subia em árvores, pegava insetos diferentes pra ver de perto, fingia ser um cachorro e corria de quatro, sem me preocupar se as mãos iam ficar imundas e os joelhos ralados...
Piscinas de bolinhas, escorregadores, balanços, parquinhos de areia... era tudo tão gostoso de brincar! Subir em árvores também, em especial jabuticabeiras e mangueiras... eram as minhas preferidas.
Eu ficava em choque com os truques de mágica com moedas e cartas que os meus tios faziam, e era o retrato da felicidade ao ver uma mesa cheia de comida da minha avó em época de festividades.
Eu passeava de carro com a minha família pra ver as iluminações de Natal das outras casas e prédios na cidade.
Eu acordava no meio da madrugada antes de uma viagem e ficava elétrica pela casa, por mais simples que fosse o destino. Colocava a cara e os braços pra fora do carro na estrada pra sentir o vento, e levava bronca por causa disso. Eu pensava que a lua seguia o carro à noite.
Nada de celulares, videogames e computadores... e mesmo quando eles chegaram, no fim da minha infância, eu na maioria das vezes preferia ir brincar com meus amigos.
Tempo sem complicações... |
Sinto falta desse tempo gostoso, simples e feliz. Sem preocupações.
Eu não tinha que me preocupar com bullying, pois eu aprendi a me defender das implicações que toda criança acaba passando. Nem com quantos amigos eu tinha no Facebook, e eu não podia ligar menos se acontecesse alguma coisa com o computador da casa (um daqueles velhos, brancos, enormes... meus pais tinham e usavam para trabalho apenas).
Foi uma infância tão gostosa, tão bem aproveitada, tão... infância. A própria palavra já carrega um significado bom, por si só, sem precisar de fato de adjetivos para melhorá-la. E é por isso que é tão triste quando a infância de alguém é ruim ou dolorosa.
E hoje não se dá mais tanto valor a isso. As crianças jogam seu tempo de inocência e brincadeiras fora, ficam conectadas a equipamentos o tempo todo, como velhos dependentes de máquinas para sobreviver num hospital.
Não há nada errado em aproveitar novas tecnologias e aprender coisas novas desde cedo... mas não esqueçam, por favor... pais e mães, desconectem seus filhos de vez em quando. Mostrem a eles o poder da imaginação e criatividade, e a diversão de sair num dia bonito.
Crianças, sejam... crianças.
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