Review: Watchmen
Olá, leitores e leitoras!
Minha demora, assim espero, vai ser compensada por um
assunto muito interessante: a review da HQ americana ”Watchmen”!
Não costumo ler quadrinhos americanos, mas através da
recomendação – e empréstimo, o que é importante xD – da obra por um amigo
leitor, tive a chance de descobrir o quão incrível ela é.
Bem, vamos começar pelas apresentações:
A graphic novel
foi escrita por Alan Moore, desenhada por Dave Gibbons e colorida por John
Higgins, e foi lançada originalmente pela DC Comics como uma série limitada em
12 edições mensais nos anos de 1986 e 1987, mas extras foram lançados
posteriormente (tudo se encontra compilado na Edição Definitiva da Panini, que
infelizmente é cara, mas vale muitíssimo à pena).
A história trata de um mundo pós-2ª-Guerra-Mundial no qual
os chamados “mascarados”, justiceiros que vestem disfarce e lutam contra o
crime nas ruas, são reais e relativamente numerosos, e no qual há um
super-herói de verdade, com poderes incríveis. No entanto, a história foca num
período no qual seu sucesso não é mais uma realidade, e o governo determina que
somente serão aceitos como “heróis” ativos legalizados aqueles que se
submeterem à sua vontade.
Nesse contexto, há heróis aposentados, há os que revelam sua
identidade e agem abertamente, inclusive como empresários, há aqueles sob o
controle do governo estadunidense, atuando sob suas ordens em guerras e outras
missões, e há os mascarados marginalizados, que continuam a atuar na
ilegalidade.
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Edição Definitiva da Panini. Linda, não é? |
Além de visualmente diferente – a disposição das páginas em
nove quadros de tamanho idêntico, mas mantendo a fluidez com perfeição, é uma
marca que diferencia a HQ –, o que mais marca a história é seu clima: PESADO. Não há outra palavra ou
expressão que traduza tão bem a sensação que temos ao ler as páginas dessa
obra... Cada capítulo, cada página, cada quadro, cada traço retrata um cinismo
intenso, e deixa claro que todos os elementos daquela história são destinados a
mostrar o lado feio da humanidade. Isso dificultou bastante a minha leitura,
pois cheguei a ter dor de cabeça depois de ler a história por muito tempo, e
precisei de pausas entre capítulos.
É uma história totalmente sombria e utilizada como
ferramenta de retrato e crítica à sociedade da época e suas preocupações, e tem
um tom extremamente sinistro. Trata-se de um enredo e de uma visão
completamente atuais, pois abordam assuntos polêmicos como a moralidade em si,
o racismo, a homofobia, estupro e, acima de tudo, guerras. (Nesse ponto, a
personalidade e características dos personagens influenciou muito,
possibilitando essa atualidade nos assuntos. Mas isso vai ficar para outro
post, no qual colocarei opiniões mais específicas que dependem de spoilers...)
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Página 28 do Capítulo 5 |
Os personagens são incrivelmente bem desenvolvidos, e todos
problemáticos de alguma forma. Vão desde os cidadãos despreocupados e
ignorantes aos heróis mais psicóticos e enlouquecidos, passando pelo
super-herói da história, quase imperturbável. Meus favoritos? Rorschach e Dr.
Manhattan. Se querem saber o porquê, leiam a HQ. Não vão ter dúvidas das minhas
razões. O primeiro é louco pois vê a humanidade em toda a sua feiura, e o outro
é O super-herói mais poderoso possível,
sem mais.
Além da construção brilhante da história e dos personagens
consistentes, podemos encontrar ainda referências e detalhes nos quais vemos
links com a verdadeira história do mundo (ou, pelo menos, como a conhecemos),
apresentando uma possibilidade realística para nós, se transformarmos as
metáforas em literalismo.
Outro aspecto incrível é a “HQ dentro da HQ”: na história,
há segmentos nos quais são apresentados os trechos de um quadrinho lido por um
menino; essa grande inception traz um
conto da série fictícia “Contos do Cargueiro Negro”, na qual o autor
deliberadamente criou uma história de piratas porque, como argumentou, “num
mundo onde heróis existem, e existem como objeto de escárnio e ódio, os
super-heróis sairiam rapidamente de moda nos quadrinhos”. Nela, um homem
sobrevive sozinho a um naufrágio e, preso numa ilha, encontra nos corpos de
seus companheiros mortos a melhor chance de sobrevivência e de voltar para o
continente numa jangada. Seu horror perante sua ideia é transmitido à medida
que o leitor o acompanha em suas “aventuras” no mar e seus delírios.
Apenas mais um exemplo de quão pesada a HQ chega a ser.
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DVD lançado como um extra |
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Outro extra da série |
Outro grande bônus da Edição Definitiva ao qual tive acesso
foram os extras com trechos do livro do personagem Hollis Mason, ex-Minuteman, intitulado “Sob o Capuz”;
nessa edição, os extras foram inseridos entre os capítulos e podem ser lidos
junto à graphic novel, bem como
extras liberados pelo autor, como rascunhos dos personagens e da história como
um todo.
Bem, no geral, minha opinião não poderia ser melhor: o
desenvolvimento foi incrivelmente orquestrado, as críticas escorrem veneno de
forma dolorosamente real e os personagens são interessantíssimos; além disso,
adianto: o final é surpreendente e, ainda assim, completamente consistente com a
totalidade da obra! Recomendo para todos que gostam de uma história sinistra! É
uma daquelas obras que põem o leitor para pensar.
Espero que tenham gostado e se sintam instigados a ler essa obra prima! :)
Obs.: Há também a série de 8 HQs denominada “Antes de
Watchmen”, contando a história dos personagens, mas estas eu ainda não li;
espero ainda voltar a fazer uma review sobre elas!
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Capas da série "Antes de Watchmen" em inglês. |
Já li e vi Watchmen e deu até saudade agora \o/
ResponderExcluirTá de parabéns por seus posts, mas, aconteceu alguma coisa? Não tem mais post =(
ResponderExcluirObrigado pelo apoio! A vida anda uma bagunça, mas logo volto a postar normalmente :)
Excluir*(a resposta anterior foi cheia dos bugs, por isso deletei xD)